o longo caminho para casa


(Música do dia: Bad Blood - Bastille)

O caminho da minha casa para o colégio, é longo.
Quando saio do colégio, já sinto o cansaço antecipado nas minhas costas e pernas. A minha mochila não é pesada, contém somente os meus cadernos, o estojo, uma garrafa d'água, e meu livro de Espanhol.
Pego as duas moedas de cinquenta centavos no bolso menor que há na minha mochila, e as coloco no bolso da minha calça. E então, sigo o caminho.
A calçada do meu colégio é preenchida por pedras, areia, lixo e cheira muito mal. Mas não posso atravessar a rua agora, não importa quanto o sol queime ou me cegue com sua luz.
Passo duas quadras antes que eu pare na padaria e compre os pães que a minha mãe mandou. Quando entrego o dinheiro ao homem do caixa, que resiste em manter sua carranca dia após dia.
No caminho há vários cheiros diferentes no ar. Frutas, lixo, pão, fumaça, sabão, cerveja. Eu observo todos os pequenos detalhes.
Eu vejo a loja que vende bicicletas.
As senhoras sentadas em cadeiras de plástico na porta de suas casas.
As crianças correndo pela rua ou empinando pipas.
Os cachorros correndo como se não houvesse amanhã.
Os pássaros voando pelo céu e pairando sobre os fios dos postes.
O antigo garoto que eu gostava e que agora trabalha como entregador de gás sorrindo para mim.
Uma escola cheia de crianças e com pais ou irmãos na entrada.
Uma mulher com um carrinho de bebê.
Um bando de garotos jogando futebol na antiga quadra perto do posto de saúde.
Mulheres conversando no salão de beleza.
Um casal de mãos dadas.
Uma garota com quem eu costumava falar.
A casa onde moram os caras que parecem a banda Yute Lions.
Um estúdio de tatuagem, que também é a casa do tatuador.
Garotos cortando seus cabelos e fazendo um estrago.
Uns homens bebendo cerveja ás cinco da tarde.
Uma mulher lavando a calçada de casa.
Entre outras coisas que não lembro mais.
E penso que, se houvesse um caminho mais curto para casa, eu não o pegaria.
Seria muito longo.

-S.C

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